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quinta-feira, 4 de março de 2010

MOVIMENTOS MESSIÂNICOS 9º ANO

Juazeiro
A Revolta ou Sedição de Juazeiro foi um confronto ocorrido em 1914 entre as oligarquias cearenses e o governo federal provocado pela interferência do poder central na política estadual nas primeiras décadas do século XX. Ocorreu no sertão do Cariri, interior do Ceará, e centralizou-se em torno da liderança do padre Cícero Romão Batista.

Após a revolta, padre Cícero sofreu retaliações políticas e foi excomungado pela Igreja Católica no final da década de 1920. Entretanto, permaneceu como eminência parda da política cearense por mais de uma década e não perdeu sua influência sobre a população camponesa, que passou a venerá-lo como santo e profeta. Em Juazeiro do Norte, um enorme monumento erguido em sua homenagem atrai, todos os anos, multidões de peregrinos.


Origem

Com o intuito de conter seus opositores, o presidente Hermes da Fonseca criou a política das salvações que consistia em promover intervenção federal nos estados evitando que oposicionistas fossem eleitos para o governo estadual. O marechal Hermes da Fonseca decidiu intervir no Estado do Ceará com objetivo de neutralizar o poder das oligarquias mais poderosas da região, que estavam sob controle do senador gaúcho José Gomes Pinheiro Machado, um político com muita influência sobre os coronéis do Norte e Nordeste brasileiro.
Eleito prefeito de Juazeiro em 1911, padre Cícero envolveu-se na disputa com o presidente Hermes da Fonseca para manter no poder regional a família Acioly. Em 1912, a intervenção federal no Ceará derrubou do poder a família Acioly, sendo nomeado interventor o coronel Marcos Franco Rabelo, havendo eleição apenas para o cargo de vice-governador, onde o padre Cícero Romão Batista foi eleito, acumulando também o cargo de prefeito de Juazeiro do Norte. Naquela época, o padre Cícero era conhecido por todo sertão nordestino por ser considerado um homem santo e "fazedor de milagres". Chamavam-no de "Padim Ciço".


Em 1914 Franco Rabelo rompeu com o Partido Republicano Conservador (PRC), e iniciou uma perseguição a Padre Cícero, destituindo-o dos cargos que exercia e ordenando a prisão do sacerdote.
O deputado federal Floro Bartolomeu, aliado de Pinheiro Machado, montou um batalhão para defender Padre Cícero, seu amigo pessoal. O grupo era formado por jagunços e romeiros, era a união da força de Floro com o carisma de Cícero.

Guerra do Contestado
A Guerra do Contestado foi um conflito armado entre a população cabocla e os representantes do poder estadual e federal brasileiro travado entre outubro de 1912 a agosto de 1916, numa região rica em erva-mate e madeira disputada pelos estados brasileiros do Paraná e de Santa Catarina.

Originada nos problemas sociais, decorrentes principalmente da falta de regularização da posse de terras, e da insatisfação da população hipossuficiente, numa região em que a presença do poder público era pífia, o embate foi agravado ainda pelo fanatismo religioso, expresso pelo messianismo e pela crença, por parte dos caboclos revoltados, de que se tratava de uma guerra santa.
A região fronteiriça entre os estados do Paraná e Santa Catarina recebeu o nome de Contestado devido ao fato de que os agricultores contestaram a doação que o governo brasileiro fez aos madeireiros e à Southern Brazil Lumber & Colonization Company. Como foi uma região de muitos conflitos, ficou conhecida como Contestado, justamente por ser uma região de disputas limítrofes entre os dois estados brasileiros



Guerra de Canudos
Contexto histórico

A situação do Nordeste brasileiro, no final do século XIX, era muito precária. Fome, seca, miséria, violência e abandono político afetavam os nordestinos, principalmente, a população mais carente. Toda essa situação, em conjunto com o fanatismo religioso, desencadeou um grave problema social. Em novembro de 1896, no sertão da Bahia, foi iniciado este conflito civil. Ele teve a duração de quase um ano, até 05 de outubro de 1897, e, devido à força adquirida, o governo da Bahia pediu o apoio da República para conter este movimento formado por fanáticos, jagunços e sertanejos sem emprego.

                                                                     beato Cselheiro
Liderança de Antônio Conselheiro

O beato Conselheiro, homem que passou a ser conhecido logo depois da Proclamação da República, era quem liderava este movimento. Ele acreditava que havia sido enviado por Deus para acabar com as diferenças sociais e também com os pecados republicanos, entre estes, estavam o casamento civil e a cobrança de impostos. Com estas idéias em mente, ele conseguiu reunir um grande número de adeptos que acreditavam que seu líder realmente poderia libertá-los da situação de extrema pobreza na qual se encontravam.

Com o passar do tempo, as idéias iniciais difundiram-se de tal forma que jagunços passaram a utilizar-se das mesmas para justificar seus roubos e suas atitudes que em nada condiziam com nenhum tipo de ensinamento religioso; este fato tirou por completo a tranqüilidade na qual os sertanejos daquela região estavam acostumados a viver.
Santa Dica, a messiânica revolucionária de Goiás.


SANTA DICA

Afinal quem foi Dona - ou Santa - Dica, esta personagem messiânica, totalmente ignorada na história oficial, mas que teve uma presença forte ao menos durante 20 anos na vida de Goiás.

Benedita Cipriano Gomes quando tinha apenas 13 anos já sentiu manifestarem-se seus dons proféticos e milagrosos, atraindo ao pequeno povoado de Lagoa (hoje Lagolândia), onde nasceu, um número cada vez maior de peregrinos que passaram a vê-la como Santa.

A menina Dica, roceira de rara beleza, vinda de uma família de camponeses, tornar-se-ia líder do único movimento messiânico do Centro-Oeste. Em apenas dois anos (1923-1925) o povoado de Lagoas se firmou como comunidade e Santa Dica, em pouco, se tornou forte influência política da região - como aconteceria com Antônio Conselheiro em Canudos e os monges na região do Contestado.

Às margens do Rio dos Peixes - chamado de Rio Jordão "por ser milagroso" - a menina Dica realizou suas primeiras curas e transmitiu a seu povo o "recado dos anjos". Ali, desde as primeiras horas da luz do dia, a comunidade formava um mutirão na terra ao som de cânticos de trabalho.

Para garantir-se a subsistência e a segurança, a partir de suas necessidades, pregava-se no reduto a igualdade, a luta pela abolição dos impostos e a distribuição de terras sob o lema "A terra é de Deus".

Pela sua condição de líder, Santa Dica passou a ser utilizada nos primeiros tempos pelos chefes políticos da região. O seu poder e a evolução de sua comunidade, porém, despertaram atenções e causaram preocupações à classe dominante. Crescia o desejo de independência de Dica e sua comunidade, e os peregrinos sentiam-se seguros com a profetisa adolescente. Assim a comunidade foi orientada pelas resoluções de Santa Dica, que seriam tomadas a partir de seus "encontros" com os anjos, durante seus transes. Após uma dessas "conferências", ela resolveu organizar os camponeses, formando o exército do povo, e os dirigentes através da ordem "pé-com-palha, pé-sem-palha", solução que encontrou, colocando uma palha de milho num dos pés de cada um, pois ninguém sabia o que era direita, esquerda.

Em 1924, por ordem do governador de Goiás, Miguel da Rocha Lima, o comandante da Polícia Militar convocou Santa Dica a reunir voluntários, com a missão de interromper a entrada da Coluna Prestes - que se dirigia a Bolívia - pelo Estado de Goiás. Ela seguiu, levando aliados da Polícia Militar que também estavam sob seu comando, em direção a Anápolis, por onde passaria o grupo liderado por Siqueira Campos. O encontro se daria na segunda noite de espera. Santa Dica, deslocada da tropa, é pega de surpresa pelas tropas de Siqueira Campos, que já a conhecia de fama. Acabaram fazendo uma aliança, porém sob as vistas de um soldado que desertou e se deslocou à Capital para transmitir o ocorrido.

Quando Santa Dica retornou ao reduto da Lagoa, seu povo foi desarmado e a Polícia Militar seguiu para a Capital. Em seguida, chegou ao reduto um coronel da Polícia Militar de Jaraguá, com a intenção de investigar os acontecimentos, além de testar os poderes da messiânica líder. Durante os "transes" ele lhe enfiava alfinetes e a queimava com cigarros acesos, sem que ela manifestasse dor. Manuelzinho Careado, braço direito de Dica, desconfiou daquele estranho e o expulsou. O coronel então, começou a incentivar os latifundiários da região para que o governo interviesse e tomasse medidas imediatas contra o reduto de Santa Dica - antes que ali se registrasse "um novo Canudo”.

Numa madrugada de 1925, um batalhão da PM cercou Lagoas, disparando as metralhadoras. O tiroteio durou 2 horas e quarenta minutos e ao amanhecer Santa Dica conduziu a comunidade na travessia do Rio Jordão, naquela época muito cheia devido às chuvas. Na forte correnteza, velhos inválidos e crianças se jogaram, sendo arrastados pelas águas. No relatório da polícia ficou escrito que "todos havia se afogados". Mas os dias passavam e não apareciam os corpos. Vasculhou-se a região e foram encontrados os peregrinos sobreviventes. Todos foram levados à cadeia na cidade de Goiás Velho, onde permaneceram, junto com Santa Dica, nove meses, presos sem julgamento.

O potiguar Mário Mendes, repórter do "Correio da Manhã", se interessou pelos fatos - que tiveram pequenos registros na imprensa carioca e foi para Goiás, integrando-se tanto na questão que se tornaria defensor de Santa Dica em seu julgamento. Absolvida, ela foi expulsa do Estado, considerada persona non grata. Foi com Mário Mendes para o Rio de Janeiro (sem confirmação, fala-se de que teria chegado a São Paulo e ali conhecido a pintora Anita Mafaldi, do movimento modernista). Mais tarde, solicitou ao governador Brasil Ramos Caiado, que havia assumido em 14/07/1925, autorização para retornar a Goiás. Junto veio Mário Mendes, que acabou sendo eleito prefeito de Pirenópolis, graças principalmente à influência que Santa Dica exercia.

Com a revolução de 1930, Santa Dica foi intimada pelo governador de Goiás e colaborar com o Estado apoiando o governo de Washington Luís. Mas, nesta época, sofria já a influência do ambicioso marido. Posteriormente, voltaria ao reduto da Lagoa recomeçando suas atividades místicas e o trabalho da terra com a comunidade.

Na revolução constitucionalista de 1932, teve nova participação. Com patente de Capitão (nestas alturas tinha 23 anos de idade), apoiou Getúlio Vargas. Formou uma companhia de 150 homens autorizados a usarem fardas do exército e que se incorporaram ao Departamento Manoel Ravello em operações de guerra do batalhão goiano "Siqueira Campos", acantonado em Uberlândia, Minas Gerais.

A partir dos anos 30, Santa Dica se dedicaria especialmente ao lado do curandeirismo. Em 1937, Mário Mendes, por intriga dos latifundiários, foi deposto da Prefeitura de Pirenópolis - e viveria no anonimato até 1963, quando morreu de velhice. Santa Dica faleceria 17 anos depois, em 9 de novembro de 1970 - tão pobre como sempre foi. A seu pedido, está enterrada em frente à sua casa em Lagoa, debaixo de uma velha gameleira.





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